cover
Tocando Agora:

Mãe de Miguel cobra Justiça por demora em julgamento de Sari Corte Real, quase cinco anos após morte do filho: 'Machuca muito'

Menino morreu ao cair do 9º andar de um prédio em junho de 2020. Segundo Mirtes Renata, processo está parado há um ano e meio, à espera da análise de um r...

Mãe de Miguel cobra Justiça por demora em julgamento de Sari Corte Real, quase cinco anos após morte do filho: 'Machuca muito'
Mãe de Miguel cobra Justiça por demora em julgamento de Sari Corte Real, quase cinco anos após morte do filho: 'Machuca muito' (Foto: Reprodução)

Menino morreu ao cair do 9º andar de um prédio em junho de 2020. Segundo Mirtes Renata, processo está parado há um ano e meio, à espera da análise de um recurso no TJPE. 'Isso me machuca muito', diz Mirtes Renata sobre demora no julgamento do caso Miguel Mirtes Renata Santana, mãe do menino Miguel, que morreu ao cair do 9º andar de um prédio de luxo no Centro do Recife em junho de 2020, foi à sede do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), nesta sexta-feira (9), para pedir celeridade no julgamento de Sari Corte Real, que responde ao processo em liberdade (veja vídeo acima). A ex-patroa de Mirtes foi condenada a oito anos e seis meses de prisão por deixar o garoto sozinho no elevador e apertar o botão da cobertura (relembre o caso abaixo). Em novembro de 2023, a pena foi reduzida para sete anos. Desde então, o processo está parado, à espera da análise de um recurso pelo desembargador Cláudio Jean Nogueira Virgínio, presidente da 3ª Câmara Criminal da instituição. ✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp No recurso apresentado, a acusação pede a derrubada da decisão que reduziu a pena imposta a Sari Corte Real. O g1 entrou em contato com o TJPE para falar sobre as alegações de demora na tramitação do processo, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta. "Isso me machuca muito, porque foi meu filho que morreu e a criminosa está solta. Isso não pode acontecer. Não precisaria nem eu estar vindo ao tribunal fazer essa cobrança. [...] Toda vez tenho que vir aqui, cobrar, cobrar, algo que eles têm que fazer. Isso machuca muito, são cinco anos sem meu filho. Domingo já é Dia das Mães e eu vou estar sem meu filho", declarou a mãe de Miguel. Mirtes Renata foi ao Palácio da Justiça acompanhada da própria mãe e avó do menino, Marta, e de uma advogada. As três entraram no gabinete do magistrado, mas foram informadas de que ele não estava no local. Uma reunião foi "pré-agendada" para o dia 15 de maio. "Vai fazer cinco anos da partida do meu filho e um ano e meio que saiu aquela sentença. E, desde esse dia, vêm acontecendo inúmeras intercorrências, justamente por falta de organização do Tribunal de Justiça de Pernambuco. [...] Esse tempo 'todinho' sem nenhuma resposta... Isso está muito confortável para Sari, que está vivendo a vida dela como se nada tivesse acontecido, certa da impunidade", afirmou. Mirtes Renata é mãe de Miguel, menino que morreu ao cair do 9º andar de prédio no Centro do Recife em junho de 2020 Arte/g1 Último recurso no TJPE Uma das advogadas que representam Mirtes e Marta como assistentes de acusação, Marília Falcão explicou ao g1 que este é o último recurso em análise no TJPE antes que o caso possa seguir para as instâncias superiores em Brasília. Elas cobram também uma ação mais enérgica do Ministério Público para garantir que o processo avance. "Tanto nós entramos como a defesa de Sari entrou com um recurso de apelação [...]. A gente percebe, de fato, a inércia, mesmo sendo titular da ação envolvendo uma vítima criança, que não tinha chance de defesa nenhuma e foi colocada no andar da morte", disse. Segundo a defesa de Mirtes, uma das razões alegadas para a demora na apreciação do recurso foi a presença de documentos físicos que ficaram ilegíveis ao serem digitalizados. Para a advogada, a demora na tramitação do processo representa uma "revitimização" da família anos depois da morte do menino. "A parte ré é diretamente beneficiada, enquanto que a saga e a tortura psicológica ficam por parte da Marta e da Mirtes, que sofrem as agruras da falta de respostas do Estado", afirmou Marília Falcão. O g1 procurou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para se pronunciar sobre o caso, mas também não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Relembre o caso Laudo pericial sobre a morte do menino Miguel desmente versão de Sari Corte Real Em 2 de junho de 2020, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, caiu do 9º andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau, no bairro de São José, no Centro da cidade; Mirtes, mãe dele, tinha descido ao térreo para passear com a cadela dos patrões, enquanto a então patroa, Sari Corte Real, responsável por cuidar do menino naquele momento, pintava as unhas com uma manicure; O garoto ficou no apartamento de Sari, localizado no 5º andar e, num determinado momento, correu até o elevador; Imagens de uma câmera de segurança mostram Sari Corte Real apertando um botão do elevador e deixando a porta fechar com o menino dentro (veja vídeo acima); Um laudo pericial concluiu que o botão que Sari apertou levava o elevador para a cobertura do edifício; O vídeo mostra, ainda, o equipamento parando no 9º andar e o garoto saindo da cabine; Perdido, Miguel caminhou até um vão onde fica o maquinário dos aparelhos de ar-condicionado e caiu no térreo, morrendo enquanto era socorrido; Sari foi presa em flagrante na época e autuada por homicídio culposo, mas pagou fiança de R$ 20 mil e foi liberada; Em 2021, Mirtes Renata começou a cursar direito, para entender melhor os trâmites processuais do caso do filho; Com a repercussão do caso, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) criou o Instituto Menino Miguel, voltado para discussões sobre infância, família e envelhecimento; Em 2022, em visita ao instituto, a mãe do garoto homenageou a cantora e compositora Adriana Calcanhotto, que em 2020 compôs a canção "2 de Junho" sobre a morte de Miguel; Em maio de 2022, Sari foi condenada a oito anos de prisão e seis meses de prisão por abandono de incapaz com resultado morte, porém, em novembro do ano seguinte, a pena foi reduzida a sete anos; Além do processo criminal, o casal Sari e Sérgio Hacker responde a uma ação trabalhista por convocar as ex-funcionárias Mirtes Renata Santana e Maria Marta, mãe e avó de Miguel, para trabalhar durante a pandemia e por pagar os salários delas com dinheiro da prefeitura de Tamandaré; O processo, que condenou o casal a pagar uma indenização de R$ 1 milhão à família do menino, foi suspenso pelo STJ em setembro de 2024; A família do menino também entrou com uma ação cível contra Sari por danos morais, pedindo uma indenização de R$ 1 milhão; Em maio de 2023, um abaixo-assinado com quase 2,8 milhões de assinaturas pediu celeridade no julgamento sobre o caso; No mês seguinte, Sari Corte Real se matriculou no curso de medicina numa faculdade particular; A defesa de Sari recorreu em todos os processos movidos contra ela, que segue em liberdade quase cinco anos após a morte de Miguel. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias